sábado, 26 de dezembro de 2009

Obras saídas

Saíram recentemente do meu "depósito" de trabalhos feitos, passando para a posse de particulares:
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Faiança, terra-sigilata, "pit-firing"
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Faiança, terra-sigilata, "saggar-firing"
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Terracota, terra-sigilata, "pit-firing"
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Terracota, engobe, colorantes e vidrado
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Terracota, engobe, colorantes e vidrado
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sábado, 12 de dezembro de 2009

Forno de papel - fascínio

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Eu gosto do fogo quando é festa. Por isso a queima em “forno de papel”fascina-me.



Depois de combinado o local para o efeito, constrói-se com tijolos maciços, sem qualquer argamassa, uma base e quatro colunas onde vai pousar uma rede grossa bem presa a travessas de ferro.


Nessa grade, feita de rede e ferros, é colocada uma camada de carvão vegetal e, depois, com muito zelo, as peças bem secas que, à mistura com pedaços de lenha, vão formar uma pirâmide. Esta lenha irá arder enquanto a cerâmica aquece, o que obriga a ter em atenção o equilíbrio das peças quando estiverem sozinhas, já sem combustível encostado. Lenha maior é colocada por fora e, a seguir, consolida-se a pirâmide com uns fios de arame amarrado à volta.


Prepara-se, então, uma barbotina para barrar folhas de papel de revistas (papel acetinado, couché, que possui muito caulino na sua composição).


Bem “molhadas” em barbotina, as folhas vão revestir completamente o conjunto acima da rede. E vai-se repetindo a operação até se obterem de 15 a 20 camadas de folhas de papel com barbotina. No cimo da pirâmide vai deixar-se um buraco para servir de chaminé.


Está feito o forno. Deixamos secar a maior humidade e…, até que enfim…, vamos acendê-lo.


Para evitar a rotura das peças, o aquecimento inicial tem de ser muito lento. Por tal motivo o lume é aceso primeiramente por fora do nosso forno e passado o tempo suficiente para que as peças fiquem bem aquecidas, passa para baixo. (Considero que o “bem aquecidas” equivale a não as aguentar nas mãos, se pudessem estar fora do forno).




Entretanto o combustível existente no interior do forno começa a arder. Quando estiver bem pegado, vai-se descendo o forno, retirando tijolos nas quatro colunas, o que permite menor entrada de ar e, consequentemente, melhor aquecimento.

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Quando o forno já encosta à base, tapa-se ainda melhor colocando terra ou areia de forma a tapar todas as frinchas que ainda existam.
E continua, por dentro, a lenha a arder e a cozedura a processar-se em atmosfera redutora. No final, quando todo o processo fica concluído, apresenta-se-nos um grande monte de cinzas, contendo as peças cozidas no seu interior.
Se, perto do final, lançarmos sal de cozinha pela chaminé, para fundir no interior, junto às peças, os gases que se formam, combinando-se com os óxidos das pastas, fornecem-lhes colorações e tonalidades interessantes que podem ir dos vermelhos aos azuis, amarelos, brancos e negros.
Fiz estas fotos em Pontevedra, no encontro de ceramistas organizado pelos amigos Xela e Xúlio em Agosto de 2009.


José Ramos - forno de papel - Pontevedra 2009